Um plenário lotado e emocionado
coroou a vida e a história de um dos personagens mais queridos de Gravataí, o
ex-atleta Régis Júnior, que agora é Cidadão Gravataiense.
Junior teve a carreira brutalmente
interrompida em 1999 após ser agredido enquanto disputava uma partida de
futebol. Júnior, nascido em Porto Alegre, agora é Cidadão Gravataiense, filho
de Gravataí de fato e de direito, como já era de coração.
ENTENDA O CASO
O ano era 1999. Régis Júnior era
um promissor zagueiro do Caxias, com passagem pelo Internacional. Disputava uma
partida da Copa RS contra o Santo Angelo. Já treinava entre os profissionais do
clube, à época, comandado por Adenor Bachi, o Tite. Era um dos mais promissores
jogadores grenás. O jogo se aproximava do final quando Darzone, atuando pelo
Santo Ângelo, desferiu um soco violento e covarde por trás, derrubando Régis
Junior e, por conseguinte, seus sonhos e, por ora, sua família.
O que parecia ser um fim da linha
para um jovem que sonhava ser jogador de futebol, que teve que reaprender a
falar, comer, andar, foi o início de uma vida de superação e lição, de exemplo
e referência, não apenas para jogadores de futebol, mas, acima disso, para
todos que caem e se levantam mais fortes. Régis Junior é um campeão da vida. E
isso é para sempre.
HOMENAGEM
A homenagem começou com um vídeo que
emocionou a plateia, trazendo à tona o caso à época, com entrevistas de Darzone
e Júnior, em reportagem da jornalista Débora de Oliveira. No vídeo, depoimentos
do auxiliar técnico do Palmeiras, Paulo Turra, um dos melhores amigos de Régis
Júnior, do irmão Rafael Rosa, que morava junto de Júnior em Caxias do Sul,
quando da agressão e do técnico da Seleção Brasileira Tite, técnico do Caxias
na oportunidade e um grande amigo da família, que parabenizou a família do
ex-zagueiro e sua conduta pessoal de vida e fé.
O PROPONENTE ALAN VIEIRA
O proponente da homenagem,
vereador Alan Vieira, fez um discurso bastante emocionado, resgatando a
recuperação de Júnior, os médicos, fisioterapeutas e pessoas que trilharam esse
árduo caminho ao lado da família Rosa. O parlamentar finalizou contando uma
linda história de perdão de Júnior que transcrevemos aqui:
“O ano era 2007. Um dos primeiros
jogos profissionais do Cerâmica Atlético Clube. Júnior havia recebido a
oportunidade de ser analista de desempenho na comissão técnica. A viagem era
até Alvorada, confronto com o Guarani de Bagé. O trajeto até o estádio foi no
carro do lateral-esquerdo do Cerâmica, Nunes, que havia jogado com Darzone. O
lateral mencionou as dificuldades que Darzone passava em Bagé, cumprindo pena
em regime semiaberto.
A fala de Nunes foi a deixa para
Júnior ficar introspectivo, pensativo. Por mais altruísta que podemos ser, por
óbvio, muitos, naquela situação, se sentiriam vingados. Estava prestes a
completar sete anos do incidente.
No intervalo do jogo, Júnior
sumiu. Quando os dirigentes da época notaram, viram o portão de acesso ao
gramado entreaberto e alguns jogadores reservas do Grêmio Bagé se levantando
rapidamente, assustados. Júnior caminhava lentamente a passos firmes, na
direção de Darzone, que estava no banco de reservas.
Júnior se aproximou de Darzone,
colocou a mão no seu ombro e, para espanto de todos, olhou com generosidade:
- Se você precisar que eu assine
algum documento para te liberar disso tudo, eu assino. Se precisar que eu
testemunhe a teu favor, também. O que necessitar de mim pode falar. Não precisa
mais passar por isso”.
A história encerrou a fala do
vereador Alan Vieira, bastante emocionado.
PROFESSOR JORGE ECKERT
Chamado pelo vereador Alan
Vieira, o professor Jorge Eckert, orientador de Régis Júnior na faculdade
Ulbra-Gravataí, quando formou-se em Educação Física, resgatou a luta e
dedicação de Júnior para obter o tão sonhado diploma. O TCC de Régis Júnior
teve o tema violência no esporte. O professor mencionou que, como Régis tinha
dificuldade para a memória recente, usava um gravador para gravar as aulas e
ouvia, repetidamente, em casa, até assimilar as disciplinas e obter as notas. O
seu TCC foi um evento à parte. Equipes de TV, alunos, professores, se reuniram
no auditório da Ulbra para assistir a apresentação final de Régis Júnior. O
professor Eckert encerrou falando das lições que tirou do seu convívio com
Júnior e do grande orgulho que tem em poder ter participado da sua história.
REPRESENTANDO O PREFEITO, ÁUREO TEDESCO
Representando o Prefeito Marco
Alba, o vice-Prefeito Áureo Tedesco trouxe um pouco da história de vida do
homenageado, destacando o orgulho da Câmara Municipal e Prefeitura Municipal de
Gravataí em poder homenagear Régis Júnior e destaca-lo como um legítimo filho
de Gravataí, cidadão solene, a partir de agora.
O HOMENAGEADO RÉGIS JÚNIOR
Régis Júnior agradeceu a presença
dos amigos e familiares que lotaram o plenário. Em seu discurso, falou do
prazer em ter se profissionalizado pelo seu time do coração, o Inter. Mostrando
maturidade e altruísmo, sorriu e, com a leveza que lhe é pertinente, mais uma
vez emocionou a todos.
A HOMENAGEM FINAL À FAMÍLIA
Quebrando o protocolo de uma
noite de lágrimas e história, o Presidente da Câmara Municipal de Vereadores,
vereador Airton Leal, convidou a família de Régis para ser saudada pelos presentes
e registrar o momento com a placa que Régis júnior recebeu do vereador Alan
Vieira.